sexta-feira, 28 de março de 2008

Dossiês

Sabe aquele dossiê que o PT "teria" feito com os gastos de FHC e primeira dama ? O "suposto" dossiê ? Aquele que seria só um relatório do TCU, segundo Tarso Genro ? Que o TCU disse depois que nunca fez e que levou Tarso a criar outra versão ?

Pois é... A Folha de hoje faz reportagem de primeira informando que a autora do dossiê (aqui já sem as aspas...) é o braço direito da ministra Dilma.

Meu palpite ? A ministra "não sabia de nada" e a assessora vai ser afastada...

O que me assusta é o seguinte: ninguém questiona o fato de todos os escândalos petistas terem várias versões contadas pelos mesmos dirigentes. Não é necessário provar nada, gente. Se o sujeito A disse que o evento E aconteceu do modo X, depois diz que foi do modo Y e mais tarde foi do modo Z, ele está mentindo no mínimo duas vezes. No mínimo! Na melhor das hipóteses, porque há quem pense não haver verdade em nenhuma das versões...

E tome dossiê!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Um certo lugar na história

Reproduzo aqui um trecho do artigo do Jânio de Freitas, hoje. Material de primeira para historiadores que pretendem retratar o atual governo.


Um Certo Lugar na História

OS ARRANJOS no governo para levar à compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar, apesar do vigente impedimento legal, aceleram-se rumo à história. Onde esse negócio vai figurar como um dos mais escabrosos no gênero. Se, como trama, iguala as privatizações do governo Fernando Henrique, faz a sua com escancaramento que os artífices e beneficiários daquelas não foram capazes de ousar, só evidenciados ou confirmados com a divulgação de "grampos" ilegais, mas benfazejos.
A maneira de criar um procedimento administrativo com aparência convencional, em substituição ao ato presidencial já combinado para alterar a proibição vigente, é uma seqüência de artifícios que não resistiriam nem a um exame de moralidade feito por Fernandinho Beira-Mar. Para evitar o constrangimento criado pelas notícias que lembravam ser a Oi/Telemar, principal beneficiária do negócio, a aplicadora de alguns milhões para capitalizar e cobrir prejuízos da empresa de um filho de Lula, o governo enveredou por desvios fantasistas que, a cada passo, só tornam a operação mais reprovável.
São passos escancarados (a Folha publicou ontem mais dois, um assinado por Elvira Lobato, outro por Humberto Medina), mas todos protegidos na Câmara e no Senado por um silêncio virginal. Alguém ainda se perguntaria o que e quem faz os políticos brasileiros manterem ouvidos e olhos sempre fechados a uma operação tão merecedora de escândalo nacional? E nacional até porque seu resultado será a apropriação por uma só empresa, a Oi/ Telemar, de todo o território nacional, excetuado apenas São Paulo incompleto.
Os passos mais recentes para a pretensa proteção de Lula são autodenunciantes, caso faltassem precedentes de mesma clareza. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, que deixou registrada na imprensa sua discordância da compra, agora foi feito peça-chave dos artifícios. Coube-lhe fazer um pedido à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para encaminhar, à Presidência da República, uma proposta de mudança na legislação, abrindo-a ao acúmulo de domínio territorial e operacional da Oi/Telemar. Mas pedido em razão de quê? Mudança de opinião, estudos técnicos do ministério? A saída não poderia ser mais viva e simplória: "a pedido das empresas".
Lavadas biblicamente as mãos de Hélio Costa, Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel, meteu as suas e o nome na operação. Aceitou no conselho da agência a incorporação de José Zunga de Lima, que, apesar de petista e cutista, é gerente de Relações Não-Governamentais da Brasil Telecom (imagina onde estaria, se fosse gerente de relações governamentais). O conselho mais iluminado por Zunga é que vai receber de Ronaldo Sardenberg, "para decidir", a proposta técnica "criada na agência" em atenção ao "pedido" do Ministério das Comunicações.
Lula, pode-se prever, ficará muito surpreso e indeciso, quando receber a sugestão que dará a sócios do seu filho o negócio de um punhado de bilhões. Embora, antes da surpresa, já tenha uma dúvida a respeito: há sugestões diferentes sobre o truque para evitar que faça pessoalmente a mudança da legislação, sendo possível um ato desse seu poder tanto para o Ministério das Comunicações como para a Anatel. E, de repente, um probleminha entra em discussão: se ficar concluído que essa transferência, para enfrentar melhor possíveis recursos judiciais, deve passar pelo Congresso, a repentina rebelião parlamentar contra medidas provisórias seria um tropeço para o negócio. Não, é claro, por oposição de parlamentares, que doadores e contribuintes merecem toda consideração. Mas porque o último lance da operação ficaria entre um lerdo projeto ou uma fragilidade formal -inconseqüente, como os processos do gênero, mas politicamente incômoda.
O lugar na história, porém, ninguém tasca.

Mino Carta e a solidariedade

Mino Carta saiu do iG em solidariedade a Paulo Henrique Amorim. Publicou seu último post ontem, elogiando o amigo.

Estou avisando aqui porque senão ninguém perceberá...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Paulo Henrique Amorim e o iBest

Muita gente critica o prêmio iBest por ser manipulado. O iBest pertence ao iG. Paulo Henrique Amorim era blogueiro do iG e tinha um link direto na primeira página do portal. Paulo Henrique Amorim lidera a votação de melhor blog de política no iBest. E foi demitido pelo iG ontem com a alegação de baixa audiência. Esta categoria era liderada com folga pelo Reinaldo Azevedo antes que houvesse uma mobilização da esquerda festiva, que levou os blogs do Nassif, Mino Carta, Vermelho (do PC do B!) e do próprio Paulo Henrique Amorim às primeiras colocações. Alguém acredita que o blog Vermelho tem toda essa audiência ? Reinaldo Azevedo brinca que o blog tem mais votos no iBest do que o partido nas urnas...

Há mais coisas envolvidas nesta demissão, claro. O Conversa Afiada (blog de Amorim) sempre foi tendencioso e parece que uma destas tendências desagradou a nova chefia da Oi/Brasil Telecom.

Fora de controle

Às vezes, as coisas escapam ao controle...


segunda-feira, 17 de março de 2008

Niemeyer

Ontem escrevi novamente para o Painel do Leitor da Folha de São Paulo. Motivo: não é possível publicarem mais um texto absurdo do Oscar Niemeyer. No artigo de ontem (que assinante lê aqui), o arquiteto critica o governo "reacionário" de Uribe de combater com "violência" as FARCs. Ora, as FARCs produzem e vendem droga para comprar armas. Com estas armas, matam e sequestram centenas de pessoas com o objetivo de depôr um governo democraticamente eleito que atualmente tem cerca de 80% de aprovação.

Oscar Niemeyer faz parte de um grupo de esquerdistas que criticam a nossa imprensa chamando-a de "golpista". Apenas por criticarem o governo que foi eleito pelo povo. Na Colômbia, um governo também foi eleito democraticamente e não é a imprensa que quer derrubá-lo. São guerrilheiros que já cometeram milhares de crimes e que matarão mais gente para assumir o poder. Aí pode, né, Niemeyer ?

sexta-feira, 7 de março de 2008

A sucata mental

O senador Jefferson Péres, do PDT-AM, faz uma análise brilhante do atraso mental de nossa sociedade na Folha de São Paulo de hoje:

"Só vai entender a realidade do mundo atual quem tiver a noção clara da natureza, da evolução e do papel de duas instituições fundamentais em qualquer país: o Estado e o mercado."

Segue o texto na íntegra:


A Sucata Mental (Jefferson Péres)

ANOS ATRÁS, alguém afirmou, com muita verve: "Um dos graves problemas do Brasil é a sucata mental. O país está povoado de idéias obsoletas".
A frase só não é perfeita por se haver restringido ao Brasil, quando na verdade tem aplicação universal. Em toda parte, políticos, economistas e intelectuais, principalmente oriundos da antiga esquerda, vêem a realidade de modo desfocado, porque não conseguem livrar-se de conceitos e pressupostos que perderam validade no contexto do mundo de hoje.
Durante dois séculos, o embate político em todo o mundo foi marcado pela dicotomia esquerda x direita, que a partir do "Manifesto Comunista", de Marx, em 1848, ganhou concretude, na forma de duas propostas antagônicas. De um lado, o modelo vigente no mundo real, que o marxismo rotulou de capitalismo; de outro, o seu oposto, um modelo ideal, chamado de socialismo, que se tornou real a partir da Revolução Russa de 1917.
A análise marxista, excessivamente reducionista, foi parcialmente correta no diagnóstico, falha na terapia e um grande fiasco no prognóstico. Acertou na descrição da realidade econômica vigente em seu tempo, nos países industrializados do Ocidente.
Um modelo condenado ao desaparecimento, porque socialmente cruel e politicamente insustentável. Por isso, Marx acertou igualmente ao rotulá-lo de capitalismo, denominação apropriada para um sistema caracterizado pelo predomínio do grande capital, hegemônico e desconhecedor de regras, que espoliava os trabalhadores, esmagava os concorrentes, sufocava o empreendedorismo e arruinava milhões nas crises cíclicas.
O grande erro de Marx -incompreensível num pensador dialético- foi imaginar que o capitalismo permaneceria imutável, apenas agravado em seus defeitos, na forma de aumento da concentração da riqueza e crescente pauperização do trabalhador.
Por sua vez, o erro dos discípulos de Marx -principalmente Lênin e seus seguidores- foi não terem percebido que o remédio receitado, o socialismo, só teria validade se realizada a profecia da explosão do capitalismo, supostamente a ocorrer nos países mais desenvolvidos. Se tal não ocorresse, obviamente, o remédio não se aplicaria.
Não deu outra. Fracassou, 75 anos depois, ao perder a competição com o Ocidente, mais dinâmico e eficiente, e onde o velho capitalismo morrera, não por explosão, como previra Marx, mas por evolução mutante, ao se transformar numa espécie de natureza diferente: a economia de mercado.
A rigor, um pós-capitalismo, que a obsolescência das idéias não consegue distinguir do velho capitalismo. Na verdade, o capitalismo do tempo de Marx era a negação da economia de mercado. Tratava-se de um regime selvagem, sem regras, no qual prevalecia a lei do mais forte. Só foi possível num vácuo institucional, sem leis trabalhistas, sem rede previdenciária, sem Organização Mundial do Comércio, sem mecanismos anticíclicos, sem legislação antitruste nem de defesa do consumidor. Era o império da violência e do jogo sujo, nas relações entre países, nas relações entre empresas concorrentes, nas relações entre vendedores e consumidores e nas relações entre patrões e empregados.
Ora, o sistema de mercado só funciona bem dentro de um marco institucional, interno e internacional, solidamente estabelecido. Vale dizer, precisa de paz, de regras claras e de segurança jurídica, tudo que não havia na época do velho capitalismo e do seu corolário, o neocolonialismo.
Em resumo, só vai entender a realidade do mundo atual quem tiver a noção clara da natureza, da evolução e do papel de duas instituições fundamentais em qualquer país: o Estado e o mercado. No velho capitalismo, o mercado foi anulado pela omissão do Estado; no socialismo real, pela hipertrofia do Estado.
Em nosso tempo, vai tornando-se evidente que Estado e mercado são instituições indispensáveis e complementares, cada uma em seu papel. Vai ficar perdido e confuso quem continuar raciocinando e agindo em termos de capitalismo e socialismo, duas peças da arqueologia política.
Claro que a passagem para o pós-capitalismo ainda não se completou nem se processa de maneira uniforme no mundo. Em todos os países, remanescem vestígios do velho capitalismo, variando o seu peso de acordo com as especificidades de cada um.
No Brasil, há de se fazer um contínuo aperfeiçoamento do arcabouço institucional, para remover o entulho que impede o pleno funcionamento da economia de mercado.
Mas, antes, é preciso remover a sucata mental, resquício cultural do passado, que impede a plena compreensão do mundo de hoje e, ainda mais, do de amanhã.

Concretismo

Parece que o Ruy Goiaba entendeu a essência da poesia concreta...