Anunciada pelo triunfo eleitoral do presidente pronto para instituir a celebração da ignorância, a Era da Mediocridade começou pela captura do Poder Executivo. O Brasil nunca foi um viveiro de bons ministros de Estado. Mas nunca houve um primeiro escalão tão desoladoramente bisonho quanto o montado por Lula.A segunda vítima foi o Legislativo. Desmoralizado em 2005 pelo escândalo do mensalão, o Congresso sucumbiu no último inverno à ofensiva feroz do baixo clero, que encontrou em cardeais de quinta como José Sarney e Renan Calheiros a sua mais perfeita tradução. O Brasil nunca teve motivos suficientes para orgulhar-se dos senadores e deputados que elege. Mas nunca elegeu numa única fornada tantos motivos para envergonhar-se.
A capitulação do Legislativo consumou-se no ano que poderá ser lembrado também pelo início da derrocada do Judiciário. Já em 2005, durante o reinado de Nelson Jobim no Supremo Tribunal Federal, multiplicaram-se evidências de que as togas do século 21 desconhecem a localização exata da fronteira que separa a Justiça da politicagem. Mas só na semana passada, com a infame decisão que não decidiu o Caso Battisti, os limites demarcados desde sempre foram escancaradamente violados por um ministro nomeado pelo ex-presidente Fernando Collor e quatro escolhidos por Lula.
O atual presidente não foi o primeiro a alojar no STF doutores amigos ou aliados circunstanciais. Mas nunca antes neste país um governante desconsiderou tão acintosamente os critérios impostos pela Constituição. Até agora, além de laços de amizade com quem nomeia, os nomeados também tinham amplos conhecimentos jurídicos e bons currículos. Por estarem preparados para julgar em última instância, podiam dispensar-se de pagar com decisões convenientes o favor da indicação. As coisas mudaram. Hoje, a Corte que reunia apenas grandes juristas abriga figuras que agridem o bom senso, a língua escrita e falada, o manual de etiqueta, o código de ética e os códigos legais com a mesma selvageria exibida pelos figurões do Executivo e do Legislativo.
Entre as perfídias produzidas pela Era da Mediocridade figura o banimento dos melhores e mais brilhantes. No mundo inteiro, concordam dicionários em todos os idiomas, elite é “o que há de melhor numa sociedade ou num grupo social”. Na novilingua companheira, elite passou a identificar o conglomerado de loiros de olhos azuis, reacionários golpistas, ultraconservadores de alta periculosidade, carrascos dos pobres. O antônimo da palavra maldita, claro, é povo.
A adulteração semântica tem sido reiteradamente desmentida pela vida real. A contemplação do bando que controla os três poderes reafirma que, no Brasil da Era da Mediocridade, o contrário de elite é escória.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O Contrário de Elite é Escória
Alguns artigos são tão bons, mas tão bons, que às vezes é melhor incluí-los na íntegra. O link é este, mas quero reproduzir integralmente o texto de Augusto Nunes, "Na Era da Mediocridade, o contrário de elite é escória".
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